Introdução

Nesta publicação, pretendemos demonstrar que a leitura literária, na educação infantil, desde a mais tenra idade, se constitui numa ferramenta para assegurar às crianças, como atores sociais que são sua inclusão na nossa cultura escrita . Apresentarmos um pouco dos vários conceitos, práticas educativas e aspectos metodológicos que ajudam as professoras a construírem autonomamente sua própria prática.

Metodologia

O presente trabalho tem por finalidade de expor uma tarefa da disciplina de Fundamentos e metodologias da língua portuguesa da Faculdade de Educação com o tema leitura literária e por se tratar de um curso voltado para a educação infantil o direcionamento foi para esta área. A partir de análise teórica de algumas produções textuais e pesquisas na internet sobre o assunto surgiram as perguntas: A leitura literária tem seu lugar assegurado no espaço da escola? As professoras desempenham o que as leis como a LDB, PNC, RICNEI determinam? As professoras estão preparadas para exercer a função de mediadoras para a formação desse novo leitor? Ao final de algumas leituras ficou uma lacuna a ser respondida. E estas são questões que só o tempo irá responder.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Texto do Bartolomeu Campos de Queirós 




 

O livro é passaporte, é bilhete de partida


            Desconheço liberdade maior e mais duradoura do que esta do leitor ceder-se à escrita do outro, inscrevendo-se entre suas palavras e seus silêncios. Texto e leitor ultrapassam a solidão individual para se enlaçarem pelas interações. Este abraço a partir do texto é soma das diferenças, movida pela emoção, estabelecendo um encontro fraterno e possível entre leitor e escritor. Cabe ao escritor estirar sua fantasia para, assim, o projetar seus sonhos.
            As palavras são portas e janelas. Se debruçamos e reparamos, nos inscrevemos na paisagem. Se destrancamos as portas, o enredo do universo nos visita. Ler é somar-se ao mundo, é iluminar-se com a claridade do já decifrado. Escrever é dividir-se.
            Cada palavra descortina um horizonte, cada frase anuncia outra estação. E os olhos, tomando das rédeas, abrem caminhos, entre linhas, para as viagens do pensamento. O livro é passaporte, é bilhete de partida.
            A leitura guarda espaço para o leitor imaginar sua própria humanidade e apropriar-se de sua fragilidade, com seus sonhos, seus devaneios e sua experiência. A leitura acorda no sujeito dizeres insuspeitados enquanto redimensiona seus entendimentos.
            Há trabalho mais definitivo, há ação mais absoluta do que essa de aproximar o homem do livro?
            Experimento a impossibilidade de trancar os sentidos para um repouso. O corpo vivo vive em permanente e vários níveis de leitura. Não há como ausentar-se, definitivamente, deste enunciado, enquanto somos no mundo. O corpo sabe e duvida. A dúvida gera criações, enquanto a certeza traça fanatismo.
            Reconheço, porém, um momento em que se dá o definitivo acontecimento: a certeza de que o mundo pessoal é insuficiente. Há que buscar a si mesmo na experiência do outro e inteirar-se dela. Tal movimento atenua as fronteiras e a palavra fertiliza o encontro.
             Acredito que ler é configurar uma terceira história, construída parceiramente a partir do impulso movedor contido na fragilidade humana, quando dela se toma posse. A fragilidade que funda o homem é a mesma que o inaugura, mas só a palavra anuncia.
            A iniciação à leitura transcende o ato simples de apresentar ao sujeito as letras que aí estão já escritas. É mais que preparar o leitor para a decifração das artimanhas de uma sociedade que pretende também consumi-lo. É mais que a incorporação de um saber frio, astutamente construído.
            Fundamental, ao pretender ensinar a leitura, é convocar o homem para tomar da sua palavra. Ter a palavra é, antes de tudo, munir-se para fazer-se menos indecifrável. Ler é cuidar-se rompendo com as grades do isolamento. Ler é evadir-se com o outro, sem contudo perder-se nas várias faces da palavra. Ler é encantar-se com as diferenças.


(Texto extraído do livro : A formação do leitor/ Pontos de vista – Organizadores:
Jason Prado e Paulo Cóndini/ Leia Brasil – Programa de Leitura da Petrobrás – 1999)

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Um pouco sobre Bartolomeu Campos de Queirós 

Viveu sua infância em Papagaio, cidade pequena com gosto  de "laranja-serra-d' água",  no interior de Minas Gerais, em  27 de agosto de 1940. Formou-se em Filosofia e especializou-se em Educação e Arte no Instituto Pedagógico em Paris. Seu interesse pelo ensino de Arte e Literatura o fez viajar muito por este país. Uma pessoa atenta a cores, cheiros, sabores e sentidos que rodeiam as pessoas do lugar. Conhecia as cidades apreciando os azulejos. Bartolomeu via as coisas com encanto e poesia.  Dizia ter fôlego de gato, o que lhe permitiu nascer e morrer várias vezes. "Sou frágil o suficiente para uma palavra me machucar, como sou forte o suficiente para uma palavra me ressuscitar." Em 1974, publicou seu primeiro livro, O peixe e o pássaro e um dos últimos livros, A filha da preguiça, que foi publicado em 2012. Recebeu importantes prêmios, como o Jabuti, o Grande Prêmio da APCA, o Diploma de Honra do IBBY, o Selo de Ouro da FNLIJ, entre outros. Em 16 de janeiro de 2012 veio a falecer em Belo Horizonte. E agora nos resta ressuscitá-lo a cada palavra lida escrita por ele.

Alguns livros:

Ciganos

Coração não toma Sol

Para
 Criar Passarinho


  Onde tem bruxa tem fada...           




Faca Afiada
Indez              



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